quarta-feira, 14 de julho de 2010

"Que havemos de esperar, Marília bela?
que vão passando os florescentes dias?
As glórias que vêm tarde já vêm frias, e pode, enfim, mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília, aprovei-te o tempo,
antes que faça o estrago de roubar ao corpo as forças,
e ao semblante a graça!"


Liras de Marília de Dirceu Tomás Antônio Gonzaga

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Carpe Diem!

Joyce Barbosa das Virgens


Tic tac...


Soa o relógio, nos mostrando que o tempo não para, temos 365 dias divididos em 12 meses durante um ano, 30 dias em cada mês, e 24h por dia, e ainda não é o suficiente.


Não sei se feliz ou infelizmente ainda não descobriram a formula para criar a máquina do tempo, acredito que se conseguirem um dia inventá-la sera maior invenção de todos os séculos, talvez até mais importante do que a invenção da roda pelos primitivos. Já que vivemos como loucos tentando perseguir o tempo, tentando Podá-lo, diminuí-lo, ou até mesmo aumentá-lo conforme a nossa conveniência. Toda essa agitação é provocada por uma azáfama diferente que vem se alojando em nossas casas de maneira sutil, quase imperceptível: O consumismo. E por isso, buscamos possuir bens de consumo numa escala progressiva em relação aos seus valores; começamos quando criança, o menino deseja aquele carrinho que viu na televisão, ou se descobre que seus coleguinhas da escola o têm, já começa a desejar um melhor, mais bonito, um maior! Vai crescendo e deseja uma bicicleta, aos 18 anos quando já possui a Carteira de Habilitação já anseia o carro do ano, depois um Iate, um Avião...


É isso que nos leva a ser ESCRAVOS do nosso tempo, nos faz trabalhar e trabalhar... Somente para comprar, comprar e comprar... Valores que outrora eram priorizados passam por despercebidos, tais como aquele sorriso do nosso irmão mais novo, o abraço dos nossos pais.


Quantos depoimentos eu já ouvi de pessoas que reclamam por ter desperdiçado o tempo, ou ate mesmo por ter deixado de sonhar, alguns sofrem por não ter ficado mais um minuto na companhia da pessoa amada, e quando elas menos esperavam, a amada se foi. Se você perguntar a essas pessoas qual é o maior desejo delas, Terá como resposta: “Quero voltar ao tempo”.
Robert Herrick, na poesia "para aproveitar o tempo ao maximo". Dizia: “Colha seus botões de rosa enquanto podes”.


Portanto caro amigo Carpe Diem! Aproveite cada momento, da sua vida com sabedoria, Evite gastar o tempo com coisas inúteis, Aprenda que não devemos deixar para amanhã aquilo que de melhor podemos fazer hoje. Mas, não esqueça de que existem coisas não tão Urgentes que fazemos Hoje que podem ser adiadas.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

... Finitude

Martha Medeiros


Para muitos, a Finitude humana pode ser percebida pelas rugas que se multiplicam a cada ano no espelho, pelo vocabulário que soa inadequado ou pelo simples tique-taque do relógio pendurado na parede da cozinha. A finitude humana pode, ainda, ser detectada pelos filhos que crescem e pelos netos que nascem. A mim, a Finitude se apresenta todo santo dia numa parada de ônibus, numa ciclovia, no balcão de um posto de informações. Meu carro passa veloz por uma rua e vejo um homem esperando o transporte que o levará de volta para casa. Um homem qualquer, que eu olho uma única vez e nunca mais tornarei a enxergar. Nunca mais rever é uma pequena morte.


Uma garota passa por mim de bicicleta. Mal tenho tempo de reparar se é morena ou ruiva, se sua mochila é grande ou pequena. Mas foi uma garota percebida por minha retina, que cruzou minha vista e minha vida por breves segundos, e para nunca mais. Assim como o homem que me atende atrás de um balcão, que fala comigo – fala comigo! –, me sorri e tira minha dúvida, e num instante lhe agradeço e viro as costas, e jamais saberei se ele é um profundo conhecedor da obra de Nietzsche ou um rapaz perturbado pela falta da mãe ou ainda um boçal que nas horas vagas depreda orelhões. Ele existe ou não existe para mim? Não existe.

Finitude eu sinto quando me dou conta da existência de milhões de pessoas que eu jamais irei conhecer, com as quais jamais irei conversar e interagir. De todas as que poderiam me ensinar a ser mais tolerante, de todas as que poderiam me fazer rir, de todas as que eu poderia amar ou desprezar, sofrer por elas, esforçar-me por elas, crescer através delas. Finitude eu sinto quando cruzo um olhar que não me ficará nem na memória, pois não há tempo para lembranças efêmeras. Uma vez ensinei uma menina, na beira da praia, a reconhecer as letras do próprio nome, e já não lembro que nome era esse e que menina era aquela. Nem ela de mim sabe nada. Uma cena começa e termina sem continuidade: Finitude. Neste instante enxergo um senhor debruçado sobre uma varanda, olhando o movimento. Ele espia a vida dos outros, que nunca mais reverá. Eu olho para esse singelo voyeur, que daqui a instantes também desaparecerá para sempre de minha atenção. No entanto, um ser humano é o que há de mais rico. Uma vida é o que há de mais original. Surgem e nos atropelam tantas vidas, tantas pessoas para sempre inacessíveis, desperdiçadas em seu talento, em seu potencial transformador, em sua capacidade de nos emocionar. A esmagadora maioria delas passa e não fica, são flashes do olhar. Agarremo-nos, pois, às que ficam, permanecem, são reconhecíveis pelo nome e pelo trajeto percorrido em nós. Aproveitemos o material humano de que dispomos: família e amigos e amores. Escassos, raros e profundamente necessários.